segunda-feira, 18 de junho de 2007

Software ainda tem espaço na Lei de Inovação

por Joana Horta para o IT Web
14/06/2007

Na próxima semana, receita federal e Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) discutirão a participação do setor no programa
"A porta não está fechada". Esta foi a resposta de Sérgio Rezende, Ministro da Ciência e Tecnologia, quando questionado por jornalistas sobre a participação de setor de software na Lei de Inovação. A declaração foi feita nesta tarde, durante o Ciab (leia especial), em São Paulo.
Segundo Rezende, o setor foi barrado porque a Receita Federal não enxergou o quanto a inclusão do setor impactaria na arrecadação. "Na próxima semana, o secretário de política e informática do MCT e um secretário da Receita Federal se encontraram para discutir a questão", afirmou.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Realmente, inovação não dá vantagem sustentável. E daí?




"Me alertam que o Wal Mart anda meio caído hoje (crise da meia idade, dizem). A Dell também tem vacilado (perdeu a liderança mundial para a HP). Então, como fica esse papo de vantagem competitiva via inovação operacional, da qual ambas têm sido ícones nas últimas décadas?"

segunda-feira, 21 de maio de 2007

The Value Innovation Process

Based on a review of the literature, interviews with "innovative companies," and value innovation principles, we developed a process model that translates value innovation into organizational reality. The model is divided into three primary sections, illustrated in Figure 2:

  • Providing exceptional value to the most important customer/increasing enterprise value.
  • The five-stage value innovation process.
  • The key cultural factors influencing the enterprise's ability to value-innovate.
The drivers of the process, providing exceptional value to the most important customer in the value chain, which in turn fuels enterprise value, are shown in the model's lower disk.
Enterprise value is delivered through an iterative business process, based on five stages (shown in the central disk). We visualize the disk as rotating, providing the mechanism to drive value innovation and keep it focused on the result. The stages are:
  • Business Intelligence.
  • Value Modeling and Analysis.
  • Decisions and Prioritization.
  • Communications and Implementation.
  • Value Validation.

The force in the model is created through the reinvention culture, shown in the upper disk. We visualize this disk as having great weight, which relentlessly drives further value creation when directed correctly through the business process. The ability and effectiveness of an organization to value-innovate is influenced largely by its culture. Hamel has described the ten principles that affect a company's ability to bubble up billion-dollar ideas and provides many examples where companies have been successful (4).



Figure 2.--The Value Innovation Process Model provides a framework a company can use to develop a new product, service or business model that will give a strong boost to the value of the enterprise. The central ring represents the five-stage Value Innovation Process itself. The success, or lack of success, gained from this process is in large measure influenced by the company’s culture of reinvention, which overlays the process as suggested by the two vertical lines. Implement the process without changing the culture and the results are likely to be disappointing.

Based on our experience and findings, there must be:

  • An authentic market for new ideas.
  • Teams crossing all functions and comfortable with intense, detailed, high-energy debates where the focus is on the most important customer and the business environment.
  • Systems thinking permeating all planning.
  • Recognition of the difficulty of managing risk for economic outcomes and quantitative tools used to evaluate a broad range of ideas and scenarios.
  • Trust, honesty and candor throughout the organization.

Consider Whirlpool, for example. In 1999, Whirlpool re-assigned 75 people and tasked them with answering the question, "What other rooms in the home can Whirlpool bring value to?" The company installed a new innovation system that defined innovation as a creative idea focused on a customer touch point (21). This customer-centric focus, supported by 350 Innovation Mentors, has led to the introduction of 25 new products over the past three years. In 2003, Whirlpool unveiled the Family Studio™ (a complete fabric-care and family activity center for today's home), the Personal Valet Clothes Vitalizing System™ (for the closet) and Gladiator Garage Works™ (a set of garage storage solutions). Whirlpool's launch rate of new products has doubled and its COO projects revenues of $0.5 billion each year for the next three years from new products (22).

The Five Stages

The five stages are described below, and their objectives, top-level tasks, and "best practices" and instruments to be used listed in Table 1.

Stage 1.--Business Intelligence. The first stage of the Value Innovation Process (VIP) calls for the identification of new business models and opportunities that will create exceptional value for the most important customer. This high-level ideation process captures inputs from multiple sources and builds on core competencies to generate value propositions from which the most important customer will perceive high value in the product, service or delivery. Inputs to the VIP can come from multiple sources, including: the company ideation process, innovation mentoring (21), alliance partners, customers, vendors, and the general public.

Stage 2.--Value Modeling and Analysis. This stage requires that the value propositions developed in Stage 1 be validated through discussions with key customers.
Risks and uncertainties are identified and "killer issues" surfaced.

Stage 3.--Decisions and Prioritization. Here, the risks and uncertainties identified in Stage 2 are quantified using focused market research and testing in the hands of the ultimate customer. A series of instruments are available to help the team with its decisions.

Stage 4.--Communication/Implementation. After a "Go" decision following Stage 3, project teams are assembled for each value proposition and move into action. To maximize project success, the best project leaders (future general managers) are selected, every team member is an "A" player, and each project is championed by members of the senior management team. For each project, the business opportunity is described fully and communicated; the path forward is clearly articulated.

Stage 5.--Value Validation. This is the last stage before the new business is launched. Only when it is clear that the new business opportunity or model, or the new product opportunity, creates exceptional value for a key customer and that success will increase the company's value, will the new business be launched.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

10 PERGUNTAS PARA W. CHAN KIM

O co-autor do best-seller A Estratégia do Oceano Azul alerta que empresas bem-sucedidas tendem à acomodação, prega a inovação permanente e diz que só há um antídoto: contar com gente criativa

Por Amauri Segalla ENVIE UM E-MAIL

O coreano W. Chan Kim tornou-se nos últimos dois anos um dos pesquisadores de estratégia mais celebrados por CEOs de grandes empresas. Carlos Ghosn, o brasileiro que comanda com mão de ferro o grupo Renault/Nissan, não cansa de citá-lo em entrevistas e conferências. Frederick Smith, presidente da FedEx, considera-o um pensador iluminado. O que motiva a admiração dos executivos é o livro A Estratégia do Oceano Azul, escrito por Kim em parceria com a americana Renée Maubourgne. Best-seller no segmento de publicações econômicas, o trabalho consiste na análise de estratégias inovadoras capazes de se transformar em sucessos comerciais. A conclusão é reveladora: empresas bem-sucedidas criam seus próprios mercados, os chamados oceanos azuis, em vez de enfrentar a concorrência em batalhas sangrentas (os oceanos vermelhos). Foi assim que corporações de ramos tão diversos quanto Starbucks, Apple, Pfizer , Samsung e até a brasileira Casas Bahia construíram sua trajetória vitoriosa. Professor da escola de administração Insead, na França, e membro do Fórum de Davos, Kim concedeu, de Paris, a seguinte entrevista a Época NEGÓCIOS.
Para ele, o sucesso é um oceano azul reservado apenas para aqueles que têm idéias originais e são capazes de lançá-las
1. Que características uma empresa deve possuir para ser considerada verdadeiramente inovadora? Muitas pessoas associam o conceito de inovação apenas a tecnologias pioneiras e descobertas científicas. Isso é um equívoco. O fundamental é adotar estratégias de negócios diferenciadas. As empresas verdadeiramente inovadoras buscam conquistar consumidores com idéias originais, em vez de perder tempo em lutas sangrentas com a concorrência.
2. As empresas devem, portanto, esquecer a concorrência? O que afirmo, e essa é a pedra angular da estratégia do oceano azul, é que a concorrência esmagadora representa uma espécie de oceano vermelho, no qual as possibilidades são limitadíssimas. Aquelas que navegam no oceano azul não vêem os concorrentes como paradigmas. Elas criam os próprios paradigmas e desbravam espaços de mercado inexplorados.
3. Que experiência empresarial o senhor considera mais emblemática? Um bom caso é o da rede americana Starbucks. Por um bom tempo, ela tentou competir com a indústria tradicional de café. Não conseguiu. Depois, teve a grande idéia de não vender apenas o café, mas o lugar também. A rede passou a oferecer um ambiente agradável e café de primeira, o que ninguém fazia. Ou seja, criou o próprio mercado, inventou um espaço. Isso é o que eu chamo de inovação de valor.
4. Em seu livro, o senhor compara a Starbucks à Pfizer, fabricante do Viagra. Por quê? Com o Viagra, a Pfizer deixou de ser reconhecida apenas como uma empresa farmacêutica e passou a ser vista como uma corporação voltada para a melhoria do estilo de vida. A Starbucks não é só café, é uma experiência emocional. A atmosfera de uma loja Starbucks foi fundamental para a construção de seu sucesso.
5. Nos dois casos, o foco não está apenas nos produtos, mas no conceito que eles transmitem. Essa análise está correta? Sim. Nos últimos 30 anos, as novas indústrias eletrônicas, os fabricantes de celulares, as instituições financeiras e outras tantas corporações não foram movidas apenas pelos produtos que oferecem, mas principalmente pelos conceitos originais apresentados aos consumidores.
6. O senhor conhece experiências inovadoras no Brasil? Sim, o sucesso da Casas Bahia é muito interessante. Qual foi a estratégia da empresa? Foi vender crédito para as pessoas. Eles criaram um oceano azul ao vender produtos eletrônicos e móveis com base em um instrumento financeiro inovador, o crédito amplo, fácil e rápido.
7. É correto afirmar que algumas nações são mais inovadoras que outras? Esse raciocínio contém a premissa de que as nações ricas, justamente por dispor de mais recursos, são mais inovadoras. No entanto, boas idéias não dependem necessariamente de dinheiro. Países emergentes como Brasil e Índia são exemplos disso.
8. Com o tempo, diante das dificuldades, os oceanos azuis também não se tornam oceanos vermelhos? Muito provavelmente. Por isso, as empresas precisam reinventar-se sempre. Buscar obsessivamente a criação de novos oceanos azuis.
9. Como é possível saber o momento de se reinventar? O momento é agora. Muitas vezes, as companhias se acomodam no próprio sucesso. Trata-se de um erro. Você brilha hoje e amanhã se depara com o fracasso. Nada é para sempre.
10. Além da inovação permanente, o que mais é preciso para as empresas crescerem? Pessoas criativas. Nenhuma empresa conseguirá ir adiante se não oferecer a seus funcionários a liberdade de ousar.

Publicado pela Harvard Business School, o livro A Estratégia do Oceano Azul (no Brasil, foi traduzido pela Editora Campus, e seu preço médio é R$ 54) está na lista dos mais vendidos da revista Business Week e do diário The Wall Street Journal

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Os padrões atuais de comunicação empresa-mercado (unilaterais e autocráticos) estão mudando. Esse processo envolve a “extinção” das tradicionais classificações dos canais de comunicação com o mercado, forçando as empresas a pensarem de forma mais abrangente.

Acostumamo-nos a classificar as ações de marketing pela sua "extensão": "Relacionamento", "Mktg Direto", "Buzzmktg", etc., essa classificação se baseia na abrangência da ação, segundo o número de pessoas que se quer atingir e no nível de proximidade e relacionamento estabelecido com essas pessoas.

Infelizmente, num futuro próximo, tal classificação não será adequada para determinar a dinâmica mais eficaz de comunicação da empresa com seus públicos. Nesse "novo mundo", quem decidirá "qual" informação será consumida - e "como" será consumida -, é o receptor, que escolherá o tipo de canal e o nível de interação com a informação. Um cenário que forçará a empresa a pensar em multi-canais, dando a máxima acessibilidade possível àquilo que quer comunicar, sempre com um fundo de "relacionamento", uma vez que terá a possibilidade de atingir seus públicos, tanto externos quanto internos, no momento mais adequado de compra.
Bom, aguardo posts para troca de idéias...

segunda-feira, 23 de abril de 2007

ÍNDICE BRASILEIRO DE INOVAÇÃO

Dia 24/05, será lançado o ranking das empresas brasileiras do setor de transformação (http://www.labjor.unicamp.br/ibi/).O Índice Brasil de Inovação se baseia nas informações da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC-2003/IBGE) e da Pesquisa Industrial Anual (PIA-EMPRESA-2003), cedidas pelas empresas, e complementadas com dados sobre patenteamento fornecidos pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). O trabalho é uma iniciativa da revista Inovação Uniemp.


EMPREENDEDORISMO: FALTA INOVAÇÃO NA MAIORIA DAS FIRMAS BRASILEIRAS

A maioria das empresas nacionais com menos de 3,5 anos (52,7%) não são inovadoras, segundo o GEM (GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR - http://www.gemconsortium.org/default.asp) 2006, um dos maiores estudos mundiais sobre emprendedorismo, que foi divulgado na última quarta-feira. A pesquisa, feita com 2.000 brasileiros, também mostra que, entre 2002 e 2006, 60,3% das firmas com mais de 42 meses não tinham potencial inovador -concorrentes ofereciam os mesmos itens, por exemplo. Menos de 1% das firmas obteve potencial máximo.

Folha de São Paulo 15/04/2007


A INOVAÇÃO É ETÉREA?

Um dos maiores mitos que cercam a inovação é que ela é imprevisível e seus resultados aleatórios. Pelo fato da inovação depender do INSIGHT, ou seja, do surgimento de idéias, ele deve ser considerada de caráter etéreo?

Vamos então analisar as outras possibilidades, como por exemplo o desenvolvimento científico de produtos. Vejamos o caso da indústria de medicamentos. Tudo se inicia com uma viagem de um pesquisador com a finalidade de coletar substâncias na natureza, tais como, venenos de animais e insetos, plantas utilizadas como remédios nas comunidades, entre outras coisas, todas que possam conter novos princípios ativos. Depois, no laboratório, após isolar cada princípio ativo, inicia-se um longo trabalho para combinar todos, um a um, dois a dois, etc., com as milhares de doenças existentes. Aqueles com resultados positivos serão alvos de exploração detalhada e, caso sejam aprovados, irão realizar a longa trilha de testes, muitas vezes superior a 10 anos, que se iniciam com experiências em cobaias e terminam nas prateleiras das farmácias. Neste processo, qual é o investimento necessário? Qual é a probabilidade de alcançar resultados que compensem o investimento?
Neste tipo de cenário, uma prática de inovação adotada pela Pfizer, a do compartilhamento de idéias e experiências, resultou em uma das maiores inovações dos últimos tempos, o Viagra, um medicamento pesquisado originalmente para tratamento vascular e que por apresentar um característico efeito colateral, foi alvo de interesse de outra equipe de pesquisa.Outro caso interessante para analisar é o da indústria de telefones celulares, que é um mercado muito maduro e extremamente competitivo. As duas líderes do mercado, Nokia e Motorola representam juntas quase 50% do mercado mundial e investem acima de 10% de seus respectivos faturamentos na Pesquisa & Desenvolvimento de produtos e tecnologia. Imaginem só o tamanho do desafio que é lançar um novo telefone celular para uma empresa sem qualquer experiência neste mercado. Pois foi o que a Apple fez com o lançamento do iPhone. O iPhone com o seu conceito inovador e preço previsto de US$ 500,00, menor que muitos SmartPhones sofisticados, promete revolucionar o mercado e dar um banho de usabilidade e praticidade além, é claro, de oferecer um elegante design, característico da marca (confira no link de vídeos de funcionamento do iPhone). Detalhe, além da Apple ser muitas vezes menor que a Nokia ou a Motorola, ela investe apenas 5% de seu faturamento em P & D. Qual é diferença da Apple? A Apple sempre encarou a inovação como previsível e sistematizável.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

A Inovação e o Marketing

Hoje, o tema inovação é um dos principais focos de trabalho das áreas de marketing, especialmente nas empresas ligadas ao mercado de bens de consumo (B2C).

Essa busca pela inovação tem como objetivo estabelecer vínculos duradouros com os diversos públicos, num mundo onde a "balança" pende para o lado do receptor. Em outras palavras, somos nós que decidimos pelo "consumo" da informação, segundo nosso humor/momento. Hoje, isso é possível pelo grande volume de opções tecnológicas (tanto hardwares quanto softwares) que podem suportar novos canais/formas de entretenimento e trabalho.

Assim, inovar na atividade de marketing representa criar formas de estar presente e disponível (real-time everywhere) em uma série de canais - muitos novos e ainda "desconhecidos" como comunidades on-line, blogs, podcasts -, com um conteúdo simplesmente encantador.

Quero trazer mais informações e discutir com vocês o tema. Afinal sou um marketeiro formiga, mas - como a "balança" da informação está do nosso lado -, tenho este megafone para utilizar.

Jair Paulo G. Tavares Silva

terça-feira, 10 de abril de 2007

Inovação SEMPRE é boa???

Com essa pergunta, W.Chan Kim, co-autor do livro "Blue Ocean Strategy", iniciou sua palestra no HSM Management em São Paulo no ano passado. E a resposta foi um sonoro NÃO, contrariando entusiastas que sempre acreditam que sim, claro que a inovação sempre é boa....

O que dizer do Iridium, o celular via satélite da Motorola , um fracasso que levou mais de 10 anos para ser implementado e consumiu mais de 20 bilhões de dólares?

O que diferencia a "boa" inovação da "ruim"? O valor reconhecido pelo mercado. Bom, isto explica o insucesso do Iridium.

"A Inovação de valor empreende um salto de valor tanto para os compradores quanto para as empresas. Como o valor para os compradores decorre da utilidade e do preço dos produtos e serviços e o valor para a empresa resulta do preço em comparação com os custos, só se alavanca o valor quando todo o sistema de atividades da empresa, envolvendo utilidade, preço e custo, se alinha de maneira adequada. A Inovação de Valor é uma estratégia que integra todo o espectro de atividades funcionais e operacionais da empresa." (trecho do Blue Ocean Strategy).

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Encontrando uma boa idéia

O abstrato Finding a Winning Idea, de Glenn Muske, especialista do Oklahoma Cooperative Extension Service, é uma excelente resenha do best seller "Blue Ocean Strategy", de Kim & Mauborgne. Para quem não leu o livro, vale gastar 5 mins lendo o texto de Muske. Ele conseguiu extrair "o sumo" do livro.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Inovação em Serviços

Inovação em serviços: a próxima grande onda
IBM, Oracle, empresas de TI acabam de formar um novo consórcio, sem fins lucrativos, dedicado ao desenvolvimento deste conceito. Leia matéria da Business Week.

quinta-feira, 29 de março de 2007

Negócios 2.0

Até onde a tecnologia está nos ajudando realmente como seres humanos, ou, por outro lado, até onde nosso stress diário é em parte resultado da pressão causada pelas novas tecnologias?

No artigo publicado na Gazeta Mercantil, discorro sobre os negócios na era da Web 2.0. Confiram!

terça-feira, 27 de março de 2007

Lições de um designer

Tom Kelley é um ícone mundial da inovação e um designer respeitadíssimo. O artigo abaixo (reprint da HSM) é antigo (2004), mas continua muito atual.


TOM KELLEY As lições de um designer Nesta entrevista exclusiva, um dos sócios da Ideo, Tom Kelley, conta como trabalha o pessoal de sua empresa de design, líder absoluta na arte da inovação e criação de produtos nos EUA.


A idéia convencional associa o design a uma habilidade estética. Porém, ultimamente, o design adquiriu status de uma poderosa ferramenta competitiva. Como se explica essa mudança?O design não é o instrumento mais poderoso de que os executivos dispõem, mas é o que oferece mais oportunidades de negócios hoje, até porque havia sido subutilizado. O bom design, além de incidir nos traços estéticos ou físicos dos produtos, cria inovações nas experiências que são oferecidas ao cliente. E a inovação é fator chave para o sucesso em um ambiente competitivo. Esse é um dos temas mais acalorados nas entrevistas que temos com executivos e um dos mais mencionados por especialistas do nível de Tom Peters e Michael Porter. Certamente, cada vez mais as empresas recorrem a especialistas em design em busca de inovação.Diferentemente da maioria dos consultores em management, que têm um enfoque geral, os designers partem do específico para chegar ao geral. Ou seja, nós dirigimos a experiência prática em desenvolvimento de produtos para a geração de novas experiências e novos negócios. Roger Martin, diretor da escola de administração da University of Toronto, diz que o estilo de pensamento dos designers deveria ser copiado no mundo dos negócios e afirma que “os executivos não apenas devem saber mais sobre design, como também se converter em designers”. O sr. poderia explicar a nossos leitores como pensa um designer? Um designer observa os clientes em situações de vida real e procura perceber os problemas em que estes tropeçam, as dificuldades que encontram. Esses obstáculos são o ponto de partida para criar algo completamente novo. Ele adota outras técnicas, como o brainstorming e a fabricação de protótipos, mas a observação é seu ponto de partida. Se os executivos tivessem a humildade de admitir que não sabem tudo e não têm a abertura mental para sair às ruas e observar seus clientes ou seus concorrentes, dariam os primeiros passos para se converter em designers. O que vocês, designers, observam? A que prestam mais atenção? Observamos os momentos em que uma pessoa franze o cenho, em que parece estar confusa, quando erra, quando toma o caminho errado, se volta atrás e tenta novamente, seja ao usar um produto, ao percorrer uma loja ou ao navegar numa página da Web. Então, tentamos inferir as causas que produziram essa confusão para eliminá-las o mais breve possível. Vocês inferem? Não perguntam ao usuário? Podemos descobrir mais como observadores, especialmente quando se trata de desenhar algo inovador. As pessoas têm dificuldade em responder a questões sobre o futuro e sobre coisas que ainda não existem. Se, alguns anos atrás, um fabricante de CD players perguntasse aos usuários que aparelhos eles precisavam ter, a maioria teria respondido que queria aparelhos de videocassete que pudessem ser rebobinados rapidamente. Nenhum usuário teria dito “um DVD player”, porque não sabia o que era. As oportunidades surgem a partir do ato de observar pessoas em situações de vida real, detectar suas necessidades e encontrar as tecnologias emergentes que podem satisfazê-las. O sr. mencionou que, além da observação, os designers utilizam o brainstorming. Quais são as chaves para acionar idéias em uma reunião de grupo?SAIBA MAIS SOBRE O mais importante é não confundir uma sessão de brainstorming com uma reunião de trabalho convencional, em que em primeiro lugar fala o chefe, que conduz a discussão, enquanto os outros tomam notas e têm uma atitude que poderíamos chamar de “respeitosa”. Nessa reunião convencional, se alguém propõe certa idéia que um dos presentes já sabe que não funcionará, ele não é obrigado a dar sua opinião nem a fornecer dados que contradigam essa idéia. Na maior parte das sessões de brainstorming, acontece o contrário. O chefe se retira depois de apresentar o tema, porque sabe que sua presença pode impedir a livre circulação de idéias. E, se decide permanecer na reunião, não deve tomar notas; é melhor que um dos participantes faça isso. Outra das regras do brainstorming é “adiar o julgamento”. Isso significa não emitir opiniões críticas e permitir que todos os tipos de pensamento sejam expressos. Algumas idéias são ruins, mas, ao desenvolvê-las, cria-se espaço para o surgimento de sugestões melhores. Em muitas salas de reunião da Ideo temos cartazes que dizem: “Vamos contribuir com idéias malucas”, “Vamos gerar um grande número de idéias”, “Sejamos visuais”. Este último cartaz significa que, além de falar, os participantes de uma sessão de brainstorming fazem diagramas e esquemas que permitem transformar as idéias em gráficos. Outras vezes, usamos objetos. A verdade é que uma boa sessão de brainstorming produz um efeito revitalizador, uma sensação de infinitas possibilidades. Creio que foi essa sensação de combustão grupal espontânea que nos permitiu encontrar soluções incomuns para problemas aparentemente sem solução.Em seu livro A Arte da Inovação, o sr. diz que uma sessão de brainstorming pode produzir mais de cem idéias. Como filtrar ou escolher as que continuarão sendo desenvolvidas? Este é um ponto-chave. Em geral, o chefe assume e escolhe, às vezes intuitivamente, as idéias que, a seu ver, terão algum valor no mercado, a fim de convertê-las em protótipos que irão sendo aperfeiçoados. Contudo, tentamos não nos apegar aos primeiros modelos; nós os avaliamos e melhoramos em uma série de interações das quais participam a equipe de design, o cliente, o pessoal da Ideo que não está diretamente envolvido no projeto e pessoas que fazem parte do mercado-alvo. Que papel desempenham os protótipos no processo de design da Ideo? São a pedra angular do processo. É graças a eles que podemos imaginar o dispositivo ou a experiência que o designer está tentando criar. É muito difícil descrever um aparelho que não existe. Como explicar o que é um walkman a alguém que nunca o viu? Quando se constroem protótipos de diversos tamanhos, com formas e funcionalidades diferentes, é mais fácil transmitir o que se tem em mente e tirar conclusões. Por exemplo, com um protótipo dá para perceber que o aparelho não cabe no bolso. Costuma-se dizer que uma imagem vale mais que mil palavras; nossa experiência nos mostra que um bom protótipo vale muito mais que mil imagens e que não apenas comunica idéias, como também persuade o cliente e o convence a aceitar a nova proposta. Qual é o impacto da tecnologia no desenvolvimento de protótipos? Em alguns casos usamos software de desenho para criar modelos tridimensionais e, assim, acelerar o processo de converter uma idéia em produto. No entanto, muito do que fazemos não exige tecnologia. Há algum tempo criamos um protótipo de óculos para esportistas que praticam snowboard. O design era atraente, mas faltava verificar se ficavam embaçados quando a temperatura caía abaixo de zero. Estávamos no verão na Califórnia, e nosso cliente não tinha orçamento para cobrir o custo das passagens até um centro de esqui no hemisfério sul. Então, pensamos numa alternativa: pedimos aos donos de uma sorveteria industrial próxima de nosso escritório permissão para usarmos seus refrigeradores. Levamos uma bicicleta fixa e um ventilador para simular vento e conseguimos que alguns dos designers entusiastas do ciclismo pedalassem durante uma hora no freezer da sorveteria, agasalhados com grossas jaquetas. Definitivamente, criar um protótipo significa resolver um problema. Construir protótipos é uma cultura e uma linguagem, e é possível fazer modelos de quase tudo: produtos, serviços e experiências. O importante é continuar, nunca parar. Fazemos protótipos em três dimensões dos produtos e simulações em vídeo dos serviços e experiências. Não são simulações complexas, como as da Nasa. Mostramos a pessoas, em geral nossos funcionários, que interagem com os produtos ou com outros indivíduos.Que tipo de pessoa vocês contratam na Ideo? No começo, todos tinham a mesma formação: um mestrado em design de produtos pela Stanford University. Hoje, alguns têm perfil artístico; outros são mais técnicos, engenheiros; e há os de formação humanística, como antropologia cultural. A fusão e integração das várias disciplinas foi o que nos permitiu ocupar um lugar de destaque no mundo do design. Além disso, durante o verão, contratamos por volta de 20 jovens, que são uma fonte extraordinária de idéias. Devido a isso, colocamos em prática um sistema de “mentores reversos”: cada executivo sênior é guiado por um desses jovens, que o instrui sobre as novas tendências, tecnologias ou estilos de vida. Mas isso não está estruturado. Nada é muito metódico na Ideo. Metodologias atrapalham a criatividade? Algumas sim, outras não. As que dão poder aos funcionários, por exemplo, favorecem a criatividade; já as que restringem a liberdade de ação cortam a criatividade. Na verdade, temos algumas metodologias, como a dos cinco passos para um novo desafio (veja quadro abaixo). Em seu livro, o sr. quase nunca menciona a variável “custo”. É porque isso inibe as idéias? Pensar em custos quando as idéias estão em estado embrionário pode aniquilá-las. Se brincarmos com elas durante certo tempo, descobriremos maneiras mais eficientes, do ponto de vista de custos, de colocá-las em prática. Além do design, a proposta da Ideo inclui “ajudar os clientes antes que saibam o que querem ou necessitam”. O sr. pode explicar isso? Isso se refere ao que chamamos de “projeto zero”, que é uma instância anterior à criação de um produto ou serviço. Nos “projetos zero” tentamos descobrir o que o cliente deveria fazer no futuro imediato. Um exemplo seria, por exemplo, o de uma empresa que descobre que um concorrente rouba sua base de clientes e não sabe que medidas tomar. Num caso assim, a primeira coisa que fazemos é visitar esses ex-clientes e observar como usam o produto do concorrente que o substituiu. Para ajudar nossos clientes a descobrir o que querem e a dar o passo seguinte, aplicamos as mesmas técnicas que usamos no design de produtos específicos. O interessante é que os “projetos zero” representam cerca de 50% de nossas operações e estão em franca expansão.

Fonte: HSM Management 47 novembro-dezembro 2004

segunda-feira, 26 de março de 2007

Video interessante sobre inovação em jornalismo, da Stanford University

News Flash Apr 2 2006

THE FUTURE OF INNOVATION JOURNALISM DVD NOW AVAILABLE ON GOOGLE VIDEO

The DVD Inovation Journalism Vol.2 No.12 (http://video.google.com/videoplay?docid=-6555253118306255730 ) is now available on Google Video. This DVD presents a roundtable discussion about the future of journalism with the “Father of the Internet” Vint Cerf (Google /ICANN), Whitfield Diffie (Sun Microsystems), Amy Bernstein (Business 2.0), Lee Bruno (Red Herring), Dan Gillmor (Bayosphere), Anders Lotsson (Computer Sweden), Frances Mann-Craik (Tornado Insider, Addison Marketing), Harry McCracken (PC World), Tony Perkins (AlwayOn Network), Jan Sandred (Biotech Sweden), Richard Allan Horning (Tomlinson Zisko LLP), Charles Wessner (National Academies) and Stig Hagström (Stanford Center for Innovations in Learning). Producer and moderator: David Nordfors (Stanford / VINNOVA)

A edição 105 da Você S.A, de março 2007 em sua matéria de capa aborda a Inovação pelo aspecto de como gerenciar sua carreira de forma original e única, conforme a proposição do livro Estratégia do Oceano Azul (sobre como criar estratégias competitivas únicas). Vale a pena conferir.

MATÉRIA DE CAPA
Crie seu oceano azul
O autor do mais aclamado livro de estratégia do momento mostra como criar uma nova carreira
Quem já fez
Silvio Meira, o engenheiro que montou um instituto para mudar a cara de Recife
Caso real 2
O publicitário Lucas Mello, dono de uma agência de pesquisas sem sede
Caso real 3
Thays Cunha deixou a carreira em bancos para gerenciar projetos de ensino
Caso real 4
O pesquisador Fernando Galembeck gerou 5 bilhões com uma patente
Onde está o ouro?
É possível criar seu espaço em qualquer setor da economia
Carreira inteligente
Como aumentar o QI de sua carreira? Responda algumas perguntas simples e descubra

sexta-feira, 23 de março de 2007

Link imperdível para inovadores

Pessoal, eis um link que definitivamente deve estar na sua lista de FAVORITOS. Trata-se do www.updateordie.com. Este site é realmente cool, e mostra de tudo num mix de sacadas de inovações e muita coisa da área de comunicação. É um local para dar uma espiada diariamente.
Experimentem!

quarta-feira, 21 de março de 2007

Sobrevivendo no Mundo Plano

O brilhante jornalista Thomas Friedman, do NYT, mexeu em conceitos arraigados quando propos que o mundo no Século XXI é plano, sendo as fronteiras apenas um conceito imaginário. Mercados, informações, tecnologia e insumos estão sempre disponíveis em algum lugar. Quem tiver a informação e conseguir, através da tecnologia, buscar os insumos onde estiverem, conquistará o mercado (onde quer que este esteja).

A contra-argumentação óbvia é: para se descobrir e se desenvolver novos mercados é preciso de tempo tempo e dinheiro. Na verdade, o elemento chave é a informação, até bem pouco restrita realmente àqueles que detinham poder e dinheiro. Hoje, a informação se democratizou, se espalhou, se tornou acessível aos mais recônditos rincões da Terra e suas populações, sejam estas ricas ou pobres, desenvolvidas ou sub-desenvolvidas, e até mesmo a países não democráticos. Mesmo na China, em Cuba ou no Vietnã, os governos ditatoriais têm dificuldades para escamotear informações, oferecidas livremente via Internet a seus cidadãos.

Quem acessa uma informação e primeiro tem o insight atrai o dinheiro (hoje apenas mais um insumo, num mundo de extrema liquidez e busca de aplicações). A principal informação a ser descoberta é: quais são as necessidades não explicitas, dos mercados potenciais (já que os mercados concretos geralmente já têm donos e estes são fortes, poderosos e perigosos)? Melhor que enfrentar a Rede Globo, a Boeing, ou a SAP, é descobrir nichos não atendidos e atendê-los sob medida. Esse é um outro fenômeno, objeto de livros, conferências e artigos, popularmente conhecido como “a cauda longa da demanda”.

Toda curva de demanda tem uma “cabeça”, onde se situam os maiores mercados, os grandes clientes, as maiores demandas e onde, obviamente, já se encontram também os predadores mais perigosos. Enfrentar a Globo na novela das oito, a Boeing nos aviões comerciais do tipo wide body, ou a SAP no fornecimento software ERP para gestão de grandes corporações, nos parece um suicídio (e isso está bem próximo da verdade). Até que a TV a cabo descobriu que tem gente que prefere assistir mesa redonda de futebol no horário da novela; ou até que a Embraer descobriu que nem todas as companhias aéreas precisam de Jumbos; ou até que a Microsiga descobtiu que muitos querem um ERP de pequeno porte para atender apenas à sua área administrativa e financeira.

A cauda longa da curva de demanda só valerá a pena se a empresa aceitar atender a apenas um nicho (ou seja, aceitar atender a uma pequena demanda), ou se puder atender a vários nichos (ou seja, se tiver poder econômico, ou criatividade, para atender a diversas necessidades distintas ao mesmo tempo). Um bom exemplo de atendimento às necessidades de nicho é o da Amazon. Hoje, uma parte significativa da demanda atendida pela Amazon é originária da venda de livros usados. Na verdade, a Amazon não vende livros usados diretamente. A Amazon está conectada a cerca de 12.000 “sebos”, de costa a costa dos EUA, e sempre que uma demanda por um livro novo não puder ser atendida, ela consulta os estoques de seus parceiros. Se o livro for encontrado ele é oferecido ao cliente e se a venda for feita quem faz a entrega (sem que o cliente saiba) pode ser um “sebo” de San Francisco atendendo a alguém em NY. A Amazon tornou-se nesse caso apenas um intermediário. Seu valor agregado foi descobrir o livro em alguma livraria do território americano.

O handcap a ser utilizado no atendimento a mercados de nicho é a criatividade, no lugar da tecnologia e valor econômico. Esse handcap é oferecido pelo acesso simples e barato aos mercados (via Internet). A Internet transforma todos em potenciais provedores e aproxima estes dos consumidores. Alguns exemplos ilustrativos:
· Um blog pode concorrer com um jornal;
· Um podcast pode concorrer com uma emissora de rádio;
· Um software desenvolvido colaborativamente, em ambiente aberto, pode concorrer com um software proprietário;
· Um serviço oferecido por um programador free lancer na India pode concorrer com a IBM;
· Um contador trabalhando em casa em Porto Alegre pode fazer a declaração de imposto de renda de um contribuinte de São Paulo;
· Um carro não disponível em São Paulo pode ser oferecido por uma pequena revenda de Rio Claro;
· E assim, sucessivamente.

Se é assim, então porque tantos estão tendo tantas dificuldades em sobreviver no chamdo “mundo plano”? Bem, antes de mais nada, é preciso não utilizar impunemente a palavra TANTOS. Tantos no Brasil é muito mais que na China, na India, no Chile, ou até no Vietnã. Nossas dificuldades estão muito mais relacionadas aos entraves burocráticos de um estado atrasado, guloso e lento, do que ao acesso à informação e aos mercados. De que adianta a criatividade e a sacada de um provedor de nicho se no final do dia ele tiver que pagar os mesmos impostos e se sujeitar à mesma burocracia dos grandes provedores? Eu pergunto: será que seria possível montar no Brasil uma estrutura tão ágil como a da Amazon para exportar livros e CD´s, sem tropeçar na cascata de impostos e na burocracia que travam a exportação leve (de pequeno porte)? Acho que não.

Ou seja, nós brasileiros, reféns de um estado anacrônico e eivado de velhas ideologias, temos as mesmas oportunidades que um chinês, ou um indiano, só não temos a liberdade para aproveitá-las. Até quando? Até que o país se torne inviável num perfil de Século XIX, ou até que todos os cidadãos enxerguem o problema e democraticamente exijam uma solução. Lamentavelmente, esse não me parece um objetivo razoável para esta encarnação, pelo menos para a mim que já passei da metade do caminho.

Inovar ou Morrer

Vou começar com uma provocação: os líderes odeiam a inovação! Trata-se de um paradoxo, já que os líderes dependem da inovação para continuar líderes, mas nem por isso menos verdadeiro. Vou citar duas situações que comprovam o paradoxo da liderança. Você já ouviu a frase “em time que está ganhando não se mexe”? Por mais que essa frase possa ser verdadeira para o futebol, raramente ela se aplica aos negócios. Apesar disso, todo executivo chefe de uma empresa bem sucedida tende a repeti-la como se estivesse proclamando uma verdade bíblica. O que acontece quando um automóvel cai nas graças do consumidor? A tendência é que a montadora postergue ao máximo o momento da re-estilização e, até mesmo, da introdução de novos conceitos tecnológicos, tudo isso numa vã tentativa de perpetuar a liderança. Pergunta-se: essa reação espontânea de conservadorismo está errada? Resposta: sim e não.

Na verdade, o líder precisa preservar a vantagem conquistada, sem se imobilizar. Existem distintos níveis de inovação, com distintos níveis de risco. A inovação básica propõe apenas mudanças cosméticas. No caso do carro, seria, por exemplo, introduzir uma re-estilização na grade dianteira, ou nos faróis; o produto continua basicamente mesmo. Com um pouco mais de coragem, pode-se pensar numa inovação relativa, que no exemplo do carro seria lançar um novo modelo (uma van) utilizando a plataforma vencedora. Aqui temos um pouco mais de risco, mas também um pouco mais de chance de ganhar mercado. A inovação, de fato, é a inovação conceitual, isto é, aquela que muda os padrões atuais. No caso do carro isto implicaria no lançamento de um modelo inteiramente novo. Muito risco, mas também muito benefício potencial. Entre estes três níveis de inovação, onde se posicionar para manter a liderança, sem se cristalizar?

A resposta não é simples, daí a razão do conservadorismo dos líderes. A inovação, ao contrário que muitas vezes se imagina, deve ser orientada pelo mercado, e não pela empresa. Os indicadores de carências do mercado estão sempre à vista, embora nem sempre óbvios. Voltando ao exemplo do carro, suponhamos que o modelo líder seja um sucesso absoluto de vendas. Se você perguntar o que o usuário gosta no carro, as respostas serão absolutamente inúteis. A questão é: o que mais poderia ser feito para tornar o sucesso ainda mais retumbante? Um bom e recente exemplo é o dos carros bi-combustível, ou flex. O líder de mercado em carros populares (sem mencionar nomes) demorou muito a ceder a essa tendência de mercado. Se o líder tivesse simplesmente perguntado o que poderia melhorar em seu produto a resposta teria sido simples e direta: queremos a flexibilidade do bi-combustível. Por quê a resistência do líder? Várias razões. O Pro-Alcool no passado passou um verdadeiro calote no mercado e nas montadoras, tornando o álcool um estigma. A primeira geração de carros puramente a álcool não era nada excepcional, além do que o custo do álcool flutua todo o tempo com as safras. Os sensores de combustível para o carro flex também encarecem um pouco o produto.

Resumindo: a inércia expõe os líderes ao risco de ver seu principal concorrente inovar na sua frente (até porque o número dois, ou número três, não tem nada a perder), tomando-lhe a liderança às vezes num piscar de olhos. A recomendação para os líderes, que sonham em prolongar sua posição de vantagem, é desenvolver uma atitude de inovação. Atitude de inovação é sempre pensar de forma inovadora e implementar de forma conservadora. No caso do carro, lançar uma versão flex, sem matar a versão mono-combustível parece ser a atitude mais adequada.

Coragem para inovar, como teve a Dell ao decidir vender PC´s para o mercado corporativo via web, ou o McDonald´s vendendo salada e pratos lights num mundo cada vez mais preocupado com a saúde, ou as montadoras brasileiras no exemplo acima dos carros Flex, é que mantém os líderes no topo. Se nada disso o convence, lembre-se que quando você não se mexe, nem mesmo respira com medo de perder o lugar, alguém pode estar se afastando para descobrir um lugar melhor que o seu. Quando você não se arrisca, o mundo arrisca por você e esse é o maior de todos os riscos, pois está fora de seu controle.

Arte e Inovação

Todos nós já ouvimos a frase “a vida imita a arte”, querendo dizer com isso que às vezes ocorrem coisas na nossa vida real que nos remetem a um deja vu, relacionado a algum filme de sucesso. Hoje eu proponho uma versão diferente dessa frase, ou seja, “a vida é a continuação da arte”.

A arte é individual, é criatividade pura, não é gerenciável e não é replicável. Já a vida (corporativa) é coletiva, gerenciável e replicável. Me explico melhor. Nos dias em que vivemos, o mundo corporativo é plano de novo, ou seja, as tecnologias e o conhecimento são exportáveis (ou importáveis), deixando de ser o caminho crítico. Se, por exemplo, temos uma oportunidade para vender outsourcing de software no Brasil, mas isso exige um nível de produtividade que ainda não temos, podemos simplesmente montar uma fábrica de software na Índia, alocando mão de obra qualificada “na fonte”. Isso leva a uma tendência de commoditização rápida de qualquer tipo de negócio, e o que é pior, nivelando por cima. Nivelar por cima é pior simplesmente porque ninguém consegue melhorar muito a produtividade, a ponto de justificar melhores margens. A principal e aterrorizante conseqüência disso é que as empresas têm que trocar pontos de market share por margem e com isso todos perdem.

Como sair desse círculo vicioso que hoje oprime as empresas, não importando o segmento de mercado? Aí a arte pode nos ajudar. Como dissemos anteriormente, a arte é individual. A arte é também sinônimo de criatividade. Infelizmente, criatividade não resolve o problema das margens apertadas, mas a inovação sim.

Qual a diferença entre criatividade e inovação? A criatividade é a inovação in natura. A criatividade é o livre pensar, são as idéias que podem ter um potencial de inovação, sem que sua viabilidade e seu valor para o mercado sejam conhecidos. A inovação é a criatividade viável, cujo valor é reconhecido pelo mercado. A evolução de uma idéia criativa para uma inovação de valor, passa por transferir idéias potencialmente interessantes do âmbito do criador para o âmbito coletivo da empresa, onde essas idéias podem ser avaliadas e melhoradas para agregar o valor que o mercado precisa (e pode) reconhecer.

Vamos dar um exemplo disso. Consideremos que na Embraer as idéias novas para melhorar um certo modelo de avião devam sair da área de projeto (P&D), certo? Errado, as idéias podem e devem sair de qualquer indivíduo, de qualquer área da empresa, que perceba o potencial de uma melhoria. Imaginemos que um operário trabalhando na montagem do avião tenha uma idéia criativa, que implique numa mudança do projeto atual. Se a empresa tiver uma cultura de fomento à criatividade individual, este operário terá uma canal para se expressar, sem restrições ou preconceitos. Da mesma forma, se a empresa quiser transformar a idéia potencialmente boa numa inovação de valor, deverá ter processos para coletivamente avaliar a idéia e discutir se e como transformá-la em viável (e aí entram todos: projeto, produção, suprimentos, vendas, etc).
Em outras palavras, se a empresa em sua organização tiver um DNA de Inovação, ela saberá integrar a arte (criatividade) individual, ao mundo real, onde as inovações devem ter sua viabilidade testada. Aspectos como grau de utilidade, dificuldades de adoção, restrições de custo e preço (mercado), levarão a idéia do cérebro do criador para a pasta do vendedor num prazo record. Nos dias de hoje essa talvez seja a única forma de quebrar o impasse da commoditização dos mercados e, literalmente, deixar o concorrente falando sozinho.